quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vergílio Ferreira

Tecida numa malha de um existencialismo desconcertante, a narrativa avança sincopada, num ritmo estonteante, que faz com que o leitor prossiga folegando a custo, tropeçando em abismos de desgraça súbita e desespero, para mais tarde melhor sentir a vertigem dos momentos de plenitude do ser, do assombro causado pela revelação da suficiência de si mesmo. E sempre a morte, espreitando e atacando inopinadamente, ora na planície monótona, ora sob a neve que cobre uma qualquer terriola escondida na montanha.

Toda a solidão do mundo entrou dentro de mim. E no entanto, este orgulho triste, inchando - sou o Homem! Do desastre universal ergo-me enorme e tremendo. Eu.

Vergílio Ferreira, in Alegria Breve

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