domingo, 21 de maio de 2006

Violenta saudade súbita...

Correm-me lágrimas de saudade, imagens que me incendeiam a memória. Poder estender-me de novo na laje negra aquecida pelo sol, violentamente amada pelo mar. Mergulhar o olhar na beleza fulminante das caldeiras, na suavidade das fajãs, na imponência do vulcão. Deter-me indeciso na fronteira entre três mundos, transpô-la livremente, chave da porta que revela a minha essência.
Quando cai a noite, sob o céu estrelado ou nublado, a melodia caótica dos grilos e das cagarras, bizarra canção de embalar.
Paisagens cristalizadas no tempo, guardiãs de pedaços de vida que deixei para trás.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Algumas palavras soltas...

Perdi a inspiração,
Apagou-se o fogo
Tornei-me centelha
À espera de despertar

Mas tenho um amor petrificado
Que me pesa no peito
Até que o consiga afundar

terça-feira, 16 de maio de 2006

Delírio Sobre a Ponte

Às vezes que por aqui passei perdi-lhes a conta. Mas nunca nada é igual. Os nossos olhos nunca miram as mesmas imagens, por muito que esperemos o contrário. Privilegiados aqueles que disto se apercebem, ou que pelos menos param para pensar nesta subtileza. Há quanto tempo teria deixado de te amar ó rio, se daqui do alto não me maravilhasses de cada vez que te contemplo? Maravilha por seres sempre diferente, dotado dessa esplendorosa beleza que só os deuses possuem e que os homens ousaram conspurcar. Mas és mais forte do que eles. E tu cidade, casaste-te com o rio para lhes fazer frente, tu que deles vieste.
Iludem-se os homens ao pensarem que engendram beleza, imponentes no seu pedestal irrisório. Não entendem que é Ela e só Ela, a responsável por tamanhos fascínios. Nas suas mãos não passamos de instrumentos, de veículos pelos quais Ela se manifesta, em apenas mais uma das suas múltiplas facetas.