quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Eochaid

Eochaid tinha por hábito não dar por si. Certo dia, em que caminhava sozinho por uma rua estéril, absorto em trivialidades, não foi a tempo de se desviar. Tropeçou em si. Onde caiu não havia fundo; pois como atingir o fim do abismo de si mesmo? Estava então ali, em queda imóvel, quando a viu: a Verdade, tendo o vazio por trono. A seus pés dormiam fantásticas alimárias, bestas apocalípticas e todo o séquito digno de constar no liber monstrorum. Não lhe fariam mal, disse-lhe Ela. Ali estavam, esperando para o tornarem livre. E ele não temeu. Aproximou-se. Ouviu-os em línguas impossíveis, que podia compreender. Revelaram-lhe portentos. Confirmaram-no divindade. Quando nesse dia Eochaid regressou, soube que se conhecia. Desde então, para sua grande incompreensão, de Eochaid dizem que é louco.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Ilhéus XVI - Nós

Nós
Levados ao brilho alvo
Pelo rolar das ondas
sobre areia dourada.

Nós
Desdobrados em valvas
De vieira encontrados
No fundo do mar da ilha.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Ano Novo

O novo ano amanheceu com o raiar da dor explodida no vácuo da tua ausência.