quarta-feira, 31 de março de 2010

Querem-me homem

Querem-me homem inventado
Com sonhos que nunca sonharei.

Querem-me homem falsificado
Por desejos que em mim não ardem.

segunda-feira, 22 de março de 2010

flexo in uesperam die

morre-me o sangue
e a vontade dissolvida
nas horas histriónicas
incolores do crespúsculo
troçando de um sono
que nunca chegou.

sábado, 20 de março de 2010

Previsão meteorológica

De teus olhos atmosféricos
se despenham a saraiva
que me perfura o espírito
e a eléctrica descarga
que de novo o traz à vida.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Choices

Is there in me a desire for a life of toil at sea, or rather for the comfort of a safe shore? I might become weary and overwhelmed by the endlessness of the great blue. Nevertheless safe shores are nothing but temporary, as we sit there gazing at the horizon, our hearts longing for the salty vastness. There shall always be gales that try our will, leading us astray; and isn’t it all about getting back on the right route after overcoming the storm and sail under soothed skies? For in the end of all things, only the watery god shall endure. And so shall true love.

sábado, 6 de março de 2010

Fragmentum XIV

Derramávamos em sobressalto o nosso desejo fremente, numa avidez de fruto proibido; e o cumprir-se do encontro dos nossos corpos apenas imaginado.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mots d'autrui VII - O resgate do Homem

La Rançon

L'homme a, pour payer sa rançon,
Deux champs au tuf profond et riche,
Qu'il faut qu'il remue et défriche
Avec le fer de la raison;

Pour obtenir la moindre rose,
Pour extorquer quelques épis,
Des pleurs salés de son front gris
Sans cesse il faut qu'il les arrose.

L'un est l'Art, et l'autre l'Amour.
- Pour rendre le juge propice,
Lorsque de la stricte justice
Paraîtra le terrible jour,

Il faudra lui montrer des granges
Pleines de moissons, et des fleurs
Dont les formes et les couleurs
Gagnent le suffrage des Anges.


Baudelaire

terça-feira, 2 de março de 2010

Fragmentum XIII

(...) cada silêncio criminoso em nós é uma garra que nos martiriza as entranhas: somos vítimas de nós mesmos.