quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

An t-aisling

Não os conheço. A ela vira-a antes, no sonho. Dizia-me com serenidade que morreria em breve, e pareceu-me que sorria levemente ao afirmá-lo. Era o cansaço. Estava na altura. E como num filme, saltei de cena. Já morria, sentada nas escadas. Olhava-me agora num misto de paz e aflição. Talvez não porque tivesse medo, mas porque não podia evitar o último estertor da vida que quer continuar, mesmo quando a exaustão do corpo e da alma reclamam o fim. No meu colo chorava uma criança. Eram familiares. Não os conhecia, mas sentia uma profunda tristeza. Suspeito até que chorava e gemia no meu sono. E com um último olhar terno, proferiu um derradeiro adeus, interrompido pela morte. Morreu. E a criança chorava, no meu colo. Não sei quem era.

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