sábado, 6 de dezembro de 2008

Fora a cidade, dentro a ilha

Estremunhado das páginas de um livro, desço por fim do monstro metálico, que segue rugindo detestável. E dentro o silêncio da ilha. O ar fresco da noite não me reconforta, fétido da podridão da cidade caótica. E dentro o aroma húmido de mar e bruma, da terra túmida de fertilidade vulcânica. Ferem-me os contornos inestéticos das arestas de betão. E dentro desenha-se o vulcão ao longe para lá do canal, a lua santificando o seu cume. Fora o corpo languesce na cidade. E dentro correm as lágrimas da minha insularidade.


(o itálico neste texto não corresponde a palavras de outrem.)

2 comentários:

Anónimo disse...

É bom saber, que mesmo quando não gostamos do que temos fora... temos sempre algo dentro que nos reconforta...

Chuva de Verão disse...

Não tenho palavras... Islandês (de island, não da Islândia :P ), quem diria que escondes esse mar dentro de ti? Diria eu :) mas tantas vezes isso parece enterrado debaixo de tantas camadas que tens... Será que é mesmo assim? Ou sou só eu que te vejo assim? É tão estranho... Parece que há algo em mim que sabe que tens no interior uma realidade próxima da minha, mas depois, no exterior, tem mais força uma qualquer barreira que existe entre nós (ou entre mim?)... Sente-lo também? Será que isto é tudo imaginação? Será a realidade diferente mas eu por qualquer razão vejo algo que não está diante dos meus olhos?

(P.S. - Amei essa música...)