À nona tentativa, Cormac avistou o ermo apetecido no coração triangular de nova ilhas escondidas a sudoeste. Selvagens, afiguravam-se-lhe fragmentos há muito perdidos da sua pátria. Mas ali, em lugar do Deus que conhecia, apenas vislumbres de esquivas divindades agrestes, indiferentes perante o homem que olhavam agora não sem alguma curiosidade, por entre a indiferença de uma ancestral altivez. Os seus mandamentos não podiam ser lidos em sagradas escrituras: tão-só adivinhados num restolhar de folhas, em vocábulos murmurados pelas ondas às rochas negras ou no silêncio ensurdecedor de uma cratera em repouso. Convertendo-se a esta religião, cujos cânones haviam sido esquecidos na sua terra há muitos ciclos atrás e em que encontrava enfim a paz que procurara em vão em tantas navegações estéreis, Cormac escolheu por mosteiro o tronco de uma faia. E ali permanece, líquen milenar contemplando o vulcão nas manhãs paradas das ilhas.
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2 comentários:
Bastante bom e a fazer agradável parelha com o anterior. A escrita sai-te melhor, mais tranquila e depurada. Gostava mesmo que um dia estes "fragmenta" se juntassem para dar lugar a um romance. Eu lia!
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