Aqui andam em manadas. Não. Não as vacas. São as nuvens. Vão passando em filinha, ali tão perto que parecem ir apressadas sabe-se lá onde e porquê. E vão gozando com os cá de baixo, mudando de forma indolentes, pregando de vez em quando a partida de uma chuvada sem aviso. Destemidas atiram-se contra os cabeços, descem vales e crateras. Assim cegam os que por lá andam, que lá se ficam queixando que a pele cola à roupa ou que a roupa cola à pele. Há os dias em que se juntam todas e vão lambendo as encostas, ocultando as ilhas em um véu de bruma, por vezes deixando em escárnio ao longe um rasgo de azul.
Aqui andam elas, as matreiras, brincando e atenazando os mortais. Mas deixem-me agora fugir da varanda, pois que já me molham o que escrevo, que não é maldizer nem lamento; afinal, digam-me lá: sem elas o que seria de todo este verde?
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3 comentários:
Gostei do texto! =) Sem elas seria menos verde. As nuvens, eternas nuvens que obscuram a nossa visão...
Sem dúvida... o verde seria amarelo e castanho. Gostei muito :)
:D gosto muito do que escreves, dos que li gostei em especial deste, não sei bem porquê... talvez porque percebes as nuvens... eu nunca as percebi muito bem... nem a geografia nem ensinou a entende-las... talvez se aqui houvesse mais verde, a compreensão fosse maior... (além dos posts, gosto mt desta música :) tão boa...)
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