sábado, 31 de março de 2007
As palavras
Inopinadamente, as palavras soltaram-se do coração. Ascenderam aladas à garganta - como ascende o magma na chaminé de um vulcão, ameaçando a erupção improvável. Dei-me conta delas a tempo. Encheram-me a boca. Invadiram-me o espírito. Vibração. Tão cedo. Mas cerrei os lábios com firmeza. E tu viste-me o esforço. Perguntaste o que tinha eu. Nada. Não tenho nada. Mas tinha. E tenho. Mas não ali. Não queria que fosse naquele lugar. É que nem te podia tocar. Nem me podia dissolver nos teus braços, perder-me nos teus lábios. Nasceram por fim. Esperava-as ansiosamente. Mas tinham de brotar por si, independentes da minha vontade consciente. E assim foi. Plenitude. E agora estão lá. À tua espera. À nossa espera.
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