sábado, 28 de junho de 2008
Cassiopeia
"Desculpa!" Era já hábito, a porta fechada a estalo. Um último olhar e as palavras, todas as noites como se fossem os derradeiros. Não vá o diabo tecê-las! Atravessa a estrada despovoada pelas horas avançadas. O peito cheio dele, a pele ainda húmida de ambos. A noite é de Verão, e até o ar quente da cidade tem outro cheiro, misturado com o dele, o cheiro que levava consigo para casa, como se não tivesse partido, mas ainda ali, presente, na pele e nos lábios. De dentro, uma vaga azul de mar e imensidão, como a uma proa de barco, ergue-lhe o olhar para o trilho de céu nocturno cingido de prédios invertidos. Lá brilha ténue uma única constelação, intimidada pelas luzes omnipresentes da cidade. E a memória de muitas noites insulares perdidas nas estrelas murmura: Cassiopeia.
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