Náiades, vós, que os rios habitais
que os saüdosos campos vão regando,
de meus olhos vereis estar manando
outros, que quási aos vossos são iguais.
Dríades, vós, que as setas atirais,
os fugitivos cervos derrubando,
outros olhos vereis que, triunfando,
derrubam corações, que valem mais.
Deixai as aljavas logo, e as águas frias,
e vinde, Ninfas minhas, se quereis
saber como d' uns olhos nascem mágoas;
vereis como se passam em vão os dias;
mas não vireis em vão, que cá achareis
nos seus as setas, e nos meus as águas.
Luís de Camões
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