quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Brumas

Misteriosamente, as brumas descem sobre a ilha. Onde ainda agora o sol fustigava com vigor as areias negras e os verdes campos, uma humidade densa penetra a terra e os corpos. O véu, de tons melancólicos, deixa entrever na sua extremidade uma faixa irónica da paisagem que se estende para além dele. Se foi o sol que se deslocou, intimidado, para essas outras paragens, ou se foi apenas a bruma que não conseguiu alcançar mais longe, não o sabem os mortais. Há magia nestas ilhas, outrora perdidas do homem. Magia que prende quem nelas ousou nascer. Os corpos escapam-se, mas os espíritos carregam para sempre a semente que implode lentamente, se privada do encantamento telúrico que a faz germinar.

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