segunda-feira, 13 de março de 2006

Carta

Olá velho amigo. Aqui me sento, finalmente, frente a ti. Sei que me tenho vindo a afastar, mas que posso eu fazer se o tempo maldito nos faz mudar, fechando-nos portas que gostariamos tanto de poder voltar a abrir. Mas não te preocupes (perdoa-me a pretensão). Não deixei de te amar. Continuo a pensar em ti e a necessitar da tua força, tão intensamente quanto outrora. Tantas vezes o meu olhar procura refugiar-se na tua imensidão, sem te encontrar. Tantas vezes o meu peito anseia pelo teu abraço purificador. Cresci em ti, e em ti lavei lágrimas silenciosas. Como poderia esquecer-te?
Hoje revejo-te, e um arrepio de emoção percorre-me, tal como quando os meus lábios encontram a pele de quem amo. Com que outro poderia ter semelhante diálogo? Eu falo-te com o coração, tu respondes-me com murmúrios, doces rugidos, odores que me são caros.
Espero ansiosamente pelo dia em que mais uma vez entrarei em ti, o dia em que juntos seremos de novo um só. Até lá adeus, amigo de tantas faces. Descança que saberei sempre reconhecer-te, onde quer que te encontre.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonito e sentimental, um poema em forma de prosa, uma carta muito bonita. Felicidades

Anónimo disse...

Queria tanto escrever-te algo bonito para que te orgulhasses da minha passagem por aqui... mas não estou à altura.... Para que isso fosse possível, teria de chorar nesta página... para que descodificasses a minha lágrima e aí, quem sabe, me compreendesses...